A melhor vacina: cuidar de nosso planeta.


         
Texto: Português
Se nada mudar, a Covid-19 não será o último vírus a devastar nossas sociedades e nossa civilização.
A pandemia da Covid-19 é apenas um aviso do que nos espera. Trata-se do último aviso para a humanidade sobre a consequência da destruição dos ecossistemas. 

Está comprovado: 75% das doenças infecciosas são originárias dos animais e estes, por sua vez, são a ponte que transfere as doenças às pessoas. Ou, o que é o mesmo, se continuarmos a fragmentar o habitat das espécies, haverá mais pandemias.

Este alerta está contido em um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, publicado com a colaboração de especialistas de todo o mundo.

 A destruição dos habitats naturais, a poluição e a exploração das espécies tornam a sociedade mais vulnerável porque as pessoas ficam mais próximas dos vetores que transmitem doenças.
 O professor do Departamento de Ecologia e Biologia Animal da Universidade de Vigo, Espanha, Adolfo Cordero aponta: “basta ver as fotos de satélite de 30 anos atrás para perceber a destruição ambiental que tem ocorrido”.

A mudança é drástica. Algumas áreas que estavam cobertas de selva, agora estão invadidas por apenas umas poucas pessoas. O processo de destruição da natureza é enorme e acelerado.  
Cada vez mais as comunidades humanas estão mais próximas de animais que antes não saíam do seu entorno, desta forma, paulatina e constantemente, novas espécies entram em contato com o ser humano. 

Além disto, a modernidade tecnológica e o comércio globalizado causam que uma doença surgida em um lugar específico, pode percorrer todo o planeta a velocidades nunca antes conhecidas. 
Muitos dos organismos que anteriormente viviam em áreas despovoadas se extinguiram, mas outros conseguiram sobreviver fortalecidos e portadores de doenças que acabaram nos afetando. Quanto mais densas as populações, maior a probabilidade de que as transmissões ocorram em forma acelerada.  Se nada mudar, a Covid-19 não será a última pandemia que ameace a humanidade com seu potencial devastador.  

Quanto mais diversa seja a natureza, menor será a probabilidade de que vírus ou bactérias atinjam o ser humano. Pelo contrário, se aniquilarmos as diferentes opções que os vírus e bactérias possam ter, o ser humano restará como alvo preferido para a propagação de agentes infecciosos.

O dano que temos causado a natureza pode ser revertido, ela tem a capacidade de se regenerar rapidamente, mas para que isso ocorra não devemos obstruir nem descontinuar seus processos.
Particularmente o Brasil desfruta de enormes privilégios. Sua admirável riqueza natural e fartura de recursos como rios, oceano, florestas, terra fértil e generosa junto a um clima ameno e propício para a agricultura, favorece que a população possa se abastecer de alimentos produzidos a curta distância de suas moradias. 

Este é um importante fator que retarda a propagação de doenças e facilita o controle.
Incentivar a vida rural das populações e a produção agrícola familiar mediante políticas governamentais coerentes gera um modelo de vida e de relacionamento mais saudável com a natureza com o meio ambiente e entre os seres humanos.

Não obstante o Brasil além de ter desaproveitado este enorme privilégio, também acumula uma grande dívida com a humanidade toda. 

O Amazonas é o maior rio do planeta e abriga a maior biodiversidade do mundo. Uma região que é também o lar de muitos povos indígenas, cujo habitat está agora altamente ameaçado. Trata-se de uma catástrofe ecológica e humanitária.

De acordo com Tasso Azevedo, Engenheiro florestal, consultor e empreendedor social em sustentabilidade, floresta e clima, coordenador do Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no Brasil (MAPBIOMAS) aponta que cerca dos 20% da selva amazônica tem sido devastada e que se atingirmos os 30% de destruição, estaremos em um ponto sem retorno, a capacidade de recuperação haverá sido extinguida.

A floresta amazônica representa 2/3 do território nacional, essa massa florestal sustenta o maior armazenamento de CO2 do planeta e é responsável pela geração das chuvas. Para evaporar a quantidade equivalente de água que esta floresta fornece em apenas um dia, seria necessário utilizar a energia produzida em todo o mundo durante seis meses.  

Frequentes notícias percorrem todo o mundo mostrando as chamas que devastam a floresta amazônica brasileira. A miraculosa capacidade de regeneração está sendo ameaçada.
Não é exagerado dizer que o futuro do planeta depende da capacidade de gerar políticas que objetivem a proteção e recuperação da Amazônia. Sem a região amazônica, a Terra tem um problema de sobrevivência. Ainda há tempo, mas falta pouco.

Referências:

Texto especial para Doce Limão: Professional Translations.
Data: 29 de Julho 2020
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